domingo, 24 de janeiro de 2010

Por que proibiram a vitamina K?

“Parecer Técnico nº 1, de 4 de janeiro de 2010

[...]Considerando a ocorrência de dermatite de contato alérgica no local de aplicação de vitamina K (5, 6);
Considerando que existem relatos de dermatoses ocupacionais alérgicas relacionadas à vitamina K (5,6);
Considerando que há casos de dermatite de contato alérgica pelo uso de vitamina K contida em cremes cosméticos (7-9)[...]”

Recentemente a Câmara Técnica de Cosméticos (CATEC), que faz acessoria para a ANVISA, emitiu um parecer técnico que proíbe o uso da vitamina K em cosméticos.
Mas antes que você saia por ai achando que a vitamina K é “um agente químico terrível, criado pela indústria farmacêutica para ralar (para não usar outros termos piores) com a sua vida” entenda o que é a vitamina K:

A vitamina K foi descoberta em 1929 por Henrik Dam, como um fator anti-hemorrágico, capaz de reverter desordens sangüíneas observadas em galinhas, alimentadas com dieta livre de gordura. Ela é formada por um grupo de diferentes substâncias que apresentam em comum o núcleo naftoquinona, são elas:
     - vitamina K1 (filoquinona ou fitomenadiona): encontrada em plantas, principalmente de folhas verdes escura;
     - vitamina K2 (menaquinona): formada como resultado da ação bacteriana no trato intestinal;
     - vitamina K3 (menadiona): composto lipossolúvel sintético, é cerca de duas vezes mais potente biologicamente que as vitaminas K1 e K2.
A vitamina K atua como co-fator (substâncias necessárias ao funcionamento das enzimas) essencial na reação do ácido glutâmico que leva à formação de um composto chamado Gla. Esse composto capacita as proteínas de coagulação a se ligarem ao cálcio possibilitando a ocorrência do processo de coagulação sangüínea normal.
Foram descobertos diversos outros grupos de proteínas dependentes da vitamina K, que não têm conexão com a coagulação sangüínea, mas estão ligadas ao cálcio. Essas proteínas que contém Gla são conhecidas por ocorrerem em um grande número de tecidos e órgãos como osso, rim, placenta, pâncreas, vesícula e pulmão.

Até ai nenhum problema aparente com essa substância tão comum ao nosso organismo!
Pois bem, na cosmetologia a vitamina K é utilizada para o tratamento de olheiras ou hiperpigmentação peri, infra ou suborbital, (denominações para o escurecimento da região ao redor dos olhos, em forma de semicírculos, que afetam principalmente a região da pálpebra inferior) por apresentar ação vasoprotetora, reparadora (dos vasos sangüíneos) e clareadora (agindo como antioxidante).
O problema é que dados existentes na literatura apontam a ocorrência de hipersensibilidade local e dermatite de contato (um tipo de irritação, alergia) após a aplicação de vitamina K (tanto na aplicação injetável como na aplicação tópica – cremes de uso cosmético).
Como os COSMÉTICOS possuem uma venda livre no mercado, não necessitando ficar “atrás do balcão das farmácias”, ficam direto ao alcance de qualquer consumidor. E daí você se pergunta: Ta, mas qual a diferença entre ficar atrás do balcão ou ao alcance do consumidor?
Todos os MEDICAMENTOS devem por lei ficar atrás do balcão das farmácias, ou seja, “para que o usuário faça a solicitação ao farmacêutico e receba o produto com a orientação necessária”. Embora a venda de medicamentos não seja totalmente controlada (como deveria ser), a ANVISA parte do pressuposto que se o produto não estiver exposto o cliente só saberá da sua existência (e da sua finalidade) se tiver consultado um medico previamente. Também, que ao solicitar ao farmacêutico esse poderá ainda reforçar orientações de uso.
Dessa forma, a proibição da vitamina K não significa que as mulheres não poderão mais comprar cremes com esse composto (não será ilegal). Apenas, a partir de agora, as formulações a base de vitamina k deverão ser registradas e comercializadas como MEDICAMENTOS, devendo o consumidor discutir com seu dermatologista se é adequado ou não o seu uso. A vitamina K simplesmente deixou de ser mais um creme que o consumidor pega da prateleira sem sequer saber os riscos que o produto traz.
Outros ativos, bem conhecidos, também têm seu uso proibido pela ANVISA em COSMÉTICOS entre eles estão: ácido retinóico (isotretinoína ou tretinoína), peróxido de benzoíla (para acne) e qualquer antibiótico (também usados para acne). Todos são vendidos como medicamentos, que devem ser prescritos por médicos (pelo menos na teoria deveriam ser!).

PS: Esse post foi em homenagem à minha grande colega farmacêutica Ana Luiza Maurer da Silva!

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A Estrutura da Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, composta por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme (camada mais interna de tecido adiposo). Ela atua como uma barreira protetora, prevenindo a perda de água e bloqueando a entrada de agentes exógenos.
Epiderme: é constituída de várias camadas de queratinócitos (células responsáveis pela produção de queratina) em diferentes estágios de maturação. Essa é a camada responsável pela prevenção da desidratação das demais camadas. Na epiderme está o extrato córneo, que é a parte mais externa da epiderme. O extrato córneo é a barreira protetora contra a penetração de substâncias estranhas ao corpo.
Derme: é um tecido elástico e resistente que proporciona resistência física ao corpo inteiro. Essa camada fornece os nutrientes para a derme e é formada por células como fibroblastos, granulócitos, colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas.


A Estrutura do Cabelo

O fio de cabelo é formado pelos seguintes componentes: a cutícula, o córtex e a medula.
Cutícula: é constituída por proteínas, é parte mais externa do fio, sendo responsável pela proteção das células do córtex. É a camada cujas propriedades estruturais servem de proteção contra influências externas, ela é responsável pelo ingresso e egresso de água, o que permite manter as propriedades físicas da fibra. É formada por células escamosas de queratina que se sobrepõem umas as outras, lembrando escamas de peixe, formando uma cobertura.
Cortex: ocupa a maior área seccionada do fio (75 %) e é constituído por células ricas em ligações cruzadas de cistina (enxofre) e células rígidas separadas uma a uma por uma membrana celular. O córtex é formado por macrofibrilas de queratina alinhadas na direção do fio. Distribuídos aleatoriamente no córtex estão os grânulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade determinam a cor do cabelo.
Medula: No interior do córtex está localizada a medula, porém esse componente pode estar presente ou ausente ao longo do comprimento do fio.