segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Carbocisteína: seu funcionamento e seus problemas!


Entre os meus post mais procurados está (sem dúvidas) aquele sobre a carbocisteína!

Há meses eu me pergunto: como esse ativo funciona? Porque não precisa da etapa de neutralização? Porque quem descolore o cabelo e faz essa progressiva fica com o cabelo amarelado ou até mesmo esverdeado? Porque o tioglicolato não tinha esse problema?

Bom, eu acho que encontrei as respostas!

Como eu acho que funciona a carbocisteína:
Da mesma forma que o tioglicolato, a carbocisteína provoca redução das pontes de enxofre (S-S). Contudo, ao contrário do tioglicolato, essa redução provoca a formação de ácido cistéico. O ácido cistéico não re-oxida (como a cisteína formada na progressiva com tioglicolato), por isso não necessita da etapa de neutralização.

Por que o cabelo fica amarelado?
A carbocisteína provoca reações de degradação dos aminoácidos que compõem a queratina (proteína capilar). Quando o triptofano, cistina e metionina sofrem degradação, observa-se o aparecimento da cor amarelada, a qual é proporcional à degradação desses.
Quem tem o cabelo descolorido ou tingido, já possui sítios de oxidação (formados pelo peróxido de hidrogênio dos descolorantes e tinturas). Sendo assim, o grau de degradação dos aminoácidos é bem maior que nas pessoas com cabelos não descoloridos/tingidos.
Resultado? Quem tem cabelo tingido de loiro, pode ficar com ele amarelo/alaranjado (“ovo”). Quem tem cabelo tingido de vermelho pode ficar com ele laranja (vermelho + amarelo = laranja). Se salva mais quem pinta de escuro, pois a coloração amarela da degradação não se sobressai. Ela às vezes se manifesta como um “clareamento” da cor.

Mas porque alguns cabelos ficam verde?
Em alguns casos, pode ocorrer a formação de um radical livre cistil, que tem como cor o esverdeado. Infelizmente a carbocisteína é bem instável, e essa formação de produtos de degradação sempre pode ocorrer, sendo sempre mais fácil em cabelos já quimicamente tratados.

E o que se faz para reverter esses problemas?
Essa é a pior parte: NADA! Uma vez danificado não tem volta. Poderia se pensar em tingir o cabelo, mas eu sei de casos de pessoas que tentaram tingir um cabelo que ficou amarelo ovo e ele passou a ficar verde.
A fibra capilar é tecido morto, não tem reparo. Da pra tentar “maquiar”, mas corre-se sempre o risco de piorar!


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A volta do vilão: FORMOL!

Mais uma vez ele volta a assombrar... ou deveríamos dizer que ele nunca se foi realmente?

No último Fantástico novamente foi discutido o problema do uso de formol em alisamentos capilares. Sinceramente, alguém aqui NÃO sabe que o formol faz mal? Que ele destrói mucosas, (nariz e boca, devido inalação), machuca o couro cabeludo, pode provocar inflamação e feridas na pele, pode até levar a uma calvície feminina?! Não sabem que o profissional que está exposto DIARIAMENTE a esse produto pode desenvolver sérios problemas de saúde, inclusive câncer?

Então porque ainda usam?

Não venham me dizer que é má fé das indústrias, que os cabeleireiros não sabem que tem formol no produto que eles compraram, porque isso eu não acredito MESMO! A reportagem mostrou que a maioria é ciente SIM! Sabe que tem formol SIM! E quando sabe que não tem, coloca!

Ora... Parem e pensem: Porque aqueles produtos mais simples, de empresas desconhecidas são tããããão mais baratos que os das grandes empresas! Sério que tu vai me responder agora que é porque as grandes empresas são “máfias” e só querem extorquir dinheiro das pessoas?! POR FAVOR!

Na revista Cosmetics & Toiletries já tinha saído uma reportagem mostrando uma pesquisa em que quase todas as marcas testadas tinham formol. O detalhe é que todas essas marcas eram de empresas que toda hora mudam de nome, CNPJ, de forma a driblar a fiscalização da ANVISA. Se a empresa é desconhecida, se o produto tem cheiro estranho e quando usado faz arder demais os olhos PRA QUE USAR?

Querem a minha sincera opinião do motivo do uso? Formol é barato! Ajuda a reduzir o preço que se cobra da cliente e a aumentar o lucro! Além de ter o resultado de alisamento “garantido”!

Eu já falei aqui, mulheres buscam por milagres! Querem o cabelo liso, perfeito, maravilhoso, sem ter que pagar muito! O profissional precisa trabalhar, precisa das clientes, precisa reduzir o custo e aumentar a efetividade do produto... resultado? Enche de formol! Dai acontece toda essa chacrinha que está acontecendo!

O principal produto que sofre adulterações são aqueles a base de carbocisteína. A carbocisteína não alisa cabelo crespo! Ela diminui o volume, deixa o aspecto do cabelo melhor, e quem tem o cabelo levemente ondulado às vezes até consegue alisar. Mas quando é crespo não alisa nem com escola de samba! Eu sei! Eu uso nas minhas amigas!

Acontece, que produtos a base de carbocisteína também são baratos! Qual a solução que muitas empresas “vigaristas” e alguns cabeleireiros encontraram? Batiza com formol que dai alisa tudo! E sabe por que isso funcionou e funcionará por muito tempo? Porque a cliente não-ta-nem-ai! Ela quer o cabelo liso e quer pagar pouco! Sendo assim, o formol vai por bem ou por mal, ela sabendo ou não! Porque de duas uma: ou a cliente se submete a usar o formol (muitas aceitam!), ou ela busca o mais barato possível, sem nem querer saber o que realmente vai ser usado pelo profissional!

De que adianta dizer depois “Mas eu disse que não queria com formol!” se nem perguntar a marca/procedência do produto perguntou. Você sabe qual marca do produto que o seu cabeleireiro trabalha? Porque o serviço dele é tão mais barato?

Eu repito: MILAGRES NÃO EXISTEM! Ou paga caro, aceita que alguns procedimentos não vão alisar de primeira, recusa-se a usar o formol, ou essa palhaçada nunca vai ter fim!

Pensem nisso!

A Estrutura da Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, composta por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme (camada mais interna de tecido adiposo). Ela atua como uma barreira protetora, prevenindo a perda de água e bloqueando a entrada de agentes exógenos.
Epiderme: é constituída de várias camadas de queratinócitos (células responsáveis pela produção de queratina) em diferentes estágios de maturação. Essa é a camada responsável pela prevenção da desidratação das demais camadas. Na epiderme está o extrato córneo, que é a parte mais externa da epiderme. O extrato córneo é a barreira protetora contra a penetração de substâncias estranhas ao corpo.
Derme: é um tecido elástico e resistente que proporciona resistência física ao corpo inteiro. Essa camada fornece os nutrientes para a derme e é formada por células como fibroblastos, granulócitos, colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas.


A Estrutura do Cabelo

O fio de cabelo é formado pelos seguintes componentes: a cutícula, o córtex e a medula.
Cutícula: é constituída por proteínas, é parte mais externa do fio, sendo responsável pela proteção das células do córtex. É a camada cujas propriedades estruturais servem de proteção contra influências externas, ela é responsável pelo ingresso e egresso de água, o que permite manter as propriedades físicas da fibra. É formada por células escamosas de queratina que se sobrepõem umas as outras, lembrando escamas de peixe, formando uma cobertura.
Cortex: ocupa a maior área seccionada do fio (75 %) e é constituído por células ricas em ligações cruzadas de cistina (enxofre) e células rígidas separadas uma a uma por uma membrana celular. O córtex é formado por macrofibrilas de queratina alinhadas na direção do fio. Distribuídos aleatoriamente no córtex estão os grânulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade determinam a cor do cabelo.
Medula: No interior do córtex está localizada a medula, porém esse componente pode estar presente ou ausente ao longo do comprimento do fio.