quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Indústria não é chacrinha!

Aaaah! Me irritei!
Depois de um comentário ridículo que eu recebi ontem, além de alguns outros comentários que eu leio pela internet,  resolvi fazer esse post!
Acho que as pessoas pensam que indústria de cosmético é chacrinha e a ANVISA a padaria da esquina! Tão pensando o quê? Que na indústria se passa o dia inteiro acessando facebook e twitter, enquanto meia dúzia de máquinas fazem os cosméticos? Tá achando que depois de pronto é só ligar pra ANVISA (como se fosse a padaria do seu João) e dizer: “Registra ai pra mim: dois xampus, um condicionador, dois antirrugas e um creme pra celulite!... Ok?... Obrigada, vou levar agora pra vender!”

A COISA NÃO É ASSIM, MEU BEM!

Por conta disso o post hoje é BEM técnico! Resolvi colocar aqui um assunto que pra alguns é chato, mas tá mais do que na hora de falar: REGISTRO DE PRODUTOS! GARANTIA DE QUALIDADE!

Pra quem não sabe, a rotina de uma indústria é enlouquecedora! Posso dizer isso porque vivi de perto durante o meu estágio curricular! É constante a preocupação com a criação de novos produtos (porque a novidade é a alma do negócio), com a produção de cada lote, com a embalagem de cada produto, armazenamento, venda, controle de qualidade, garantia da qualidade... Não tem como parar nunca! Nunca MESMO! Inclusive muitas indústrias tem turnos durante a madrugada e nos finais de semana! Pois é...
Bom, por que eu to falando tudo isso? Muita gente acha que as escovas progressivas de hoje em dia ainda tem formol “com certeza”! Essas pessoas “com certeza” não sabem como é o processo de registro de um produto, muito menos o porquê de uma empresa ter um setor chamado Garantia da Qualidade!

Então vamos lá!
Para que uma empresa possa COMERCIALIZAR um produto primeiro ela tem que registrar ele na ANVISA! Do contrário ele é ilegal! Então saiba que eu estou falando de empresas LEGAIS, e produtos LEGALIZADOS!

Depois que um produto é planejado, elaborado, desenvolvido e finalizado, ele precisa ser registrado. Dessa forma, é necessário elaborar o Dossiê Técnico dele, o qual a ANVISA irá avaliar e daí decidir se dará o registro ou não. Ou seja, a ANVISA ainda pode negar o registro. Esse Dossiê Técnico não é uma folhinha com meia dúzia de informações, é um relatório com TUDO sobre esse produto! No manual de elaboração, disponibilizado no próprio site da ANVISA, os requisitos necessários são:

- Fórmula Quali-Quantitativa (todos os ingredientes e suas concentrações respectivas)
- Função dos Ingredientes na Fórmula
- Bibliografia e/ou Referência dos Ingredientes (para justificar o uso deles)
- Especificações Técnicas Organolépticas e Físico-Químicas de Matérias-Primas (as características de odor, cor, aspectos visuais, viscosidade, densidade pH, etc... de cada uma das matérias-primas)
- Especificações Microbiológicas De Matérias-Primas (tem que provar que não tem contaminação por bactérias e fungos em cada uma das matérias-primas usadas)
- Especificações Técnicas Organolépticas E Físico-Químicas Do Produto Acabado (as características de odor, cor, aspectos visuais, viscosidade, densidade pH, etc... do produto depois de pronto)
- Especificações Microbiológicas Do Produto Acabado (tem que provar que não tem contaminação por bactérias e fungos no produto depois de pronto)
Processo de Fabricação (detalhar como que é produzido o produto)
- Especificações Técnicas Do Material De Embalagem (detalhes da embalagem primária – frasco e secundária – caixinha)
- Dados De Estabilidade (tem que comprovar que todas aquelas Especificações Técnicas Organolépticas e Físico-Químicas e as Especificações Microbiológicas se mantiveram iguais durante todo o tempo indicado como prazo de validade. Detalhe: essas análises são feitas mensalmente!)
- Sistema De Codificação De Lote (detalhar como é a lógica da codificação de lotes)
- Projeto De Arte De Etiqueta Ou Rotulagem (Mandar a arte final do rótulo do produto e da embalagem, sendo que existem itens que são obrigatórios)
- Dados Comprobatórios Dos Benefícios Atribuídos Ao Produto (Comprovação de eficácia atestada por laboratórios Reblados, ou seja, credenciados e reconhecidos pela ANVISA)
- Dados De Segurança De Uso (Comprovação da segurança por laboratórios Reblados, ou seja, credenciados e reconhecidos pela ANVISA)
- Finalidade Do Produto (para que ele será indicado)
- Certificado De Venda Livre Consularizado (Somente quando for Cosmético Grau 1)
- Registro/Autorização De Empresa/Certificado De Inscrição Do Estabelecimento (É o registro que permite o funcionamento da empresa)

Achou fácil? Pois é, mas não acaba por ai! Porque a ANVISA ainda pode achar que faltaram dados de estabilidade, ou mais informações de segurança, ou então que os ensaios de eficácia apresentados não são suficientes para comprovar o uso que a empresa está indicando... Daí ela pode solicitar mais "exigências" nesse processo ou negar o registro, e tem que se iniciar toooodo o processo denovo!
Nesse momento você deve estar pensando: “Mas é só mentir tudo isso!” Ééééééé... vai lá... mente! Só não esquece que a cada ano a ANVISA pode fazer uma “visitinha” surpresa! Sim! A ANVISA faz inspeções periódicas nas empresas para conferir os documentos, a produção, os produtos. Empresa que não está em conformidade com o que foi apresentado no Dossiê PERDE o registro do produto e ainda corre o risco de fechar as portas!
É aqui que entra o setor da Garantia da Qualidade! Esse povo luta para que todos os processos dentro da empresa entejam em conformidade com as normas da ANVISA. Assim, esse setor garante a qualidade dos produtos que a empresa produz, garante que não aparecerão “não conformidades” nas visitas da ANVISA, garante que tudo estará dentro das normas de boas práticas de fabricação!

E agora eu pergunto: Lendo esse pouquinho que eu apresentei, você acha que uma empresa grande, com nome forte no mercado, vai se arriscar produzindo algo fora das normas? PENSA!
Claro que sempre se pode dar um jeitinho de burlar as leis e os órgãos regulamentadores, mas para que que grandes marcas como Tanagra, Rischon, De Sirius, Cadiveu e Truss, por exemplo, iriam manchar seus nomes e suas marcas produzindo escova progressivas “batizadas informalmente” com formol?! Fala sério!

bju
Denise


terça-feira, 9 de agosto de 2011

Vamos colorir!

Um assunto que me perguntam bastante ultimamente é a respeito de coloração. Confesso que não é era o meu forte, mas a gente sempre da um jeito!
A principal dúvida é sobre a coloração dos brancos e o tempo que dura a tinta, por isso vou falar rapidamente sobre os tipos de tintas para cabelos e focar mais naquela com maior duração e mais especifica para brancos: a coloração por oxidação!


As tintas para cabelos são classificadas pelo nível de penetração:


Temporárias (nível 1): são só uma “tinta” mesmo, aqueles sprays que a gente passa no cabelo, dá uma cor, mas com a próxima lavagem sai tudo.

Semi-permanente (nível 2): neste tipo a cor já está pronta na embalagem e é adicionada entre as cutículas do cabelo. Ali ela fica retida por um certo tempo, e tende a durar umas 8 lavagens. Essa coloração é aquela que não contem amônia nem peróxido de hidrogênio, ou seja, não existe oxidação.

Demi-permanente e permanente (nível 3)
Ok! Essas são as grandes vedetes de hoje em dia. Essas são as colorações que ocorrem por oxidação. A gente reconhece esse tipo facilmente porque vem numa apresentação de dois frascos que devem ser misturados na hora do uso! Reconheceu? Sim! É esse mesmo que você compra lá no supermercado!

Como funciona?
A amonia (sim, quase sempre tem) vai solubilizar os lipídeos do cabelo e permitir que o pré-prigmento entre no fio. Dentro do fio, esse pré-pigmento (geralmente sem cor), se oxida e se transforma em uma molécula com a cor desejada. Essa oxidação é feita com auxílio da amônia (que mantém o pH correto) e do peróxido de hidrogênio (vulgo água oxigenada, quem realmente faz a oxidação), o qual também serve para degradar a melanina (pigmento natural do nosso cabelo) para dar mais realce na nova cor.

Mas porque tem dois frascos? Para que a oxidação do pigmento só ocorra na hora do uso!
E qual a diferença entre demi-permanente e permanente? A quantidade de peróxido de hidrogênio e o fato da demi-permanente não ter amônia! Siiiiiiiiiim! É aquela que fala amônia free (eu acho até que é aquelas que chamam de xampu tonalizante)!!! O que isso influencia? Ela é beeeeem menos eficiente! Pois é... Lembra quando eu falei que milagres não existem? Tá valendo pra cá também!
A amônia auxilia no pH ideal para a ocorrência da oxidação da tinta e para a solubilização dos lipídios do fio de cabelo, permitindo que os pigmentos penetrem mais profundamente. Quanto mais profundamente eles forem, mais a coloração dura!

Mas o que tem a ver os brancos com a pigmentação por oxidação? O tingimento dos brancos tem a ver com a classificação do pigmento por oxidação!

As tintas que a gente compra pra colorir os cabelos na realidade são combinações de vários pigmentos, para que se possa atingir o tom desejado. Essa combinação (na coloração por oxidação)  é feita da seguinte forma:

Pigmentos bases ou primários: Esses pigmentos são os únicos capazes de tingir de forma efetiva os brancos. Eles são responsáveis pela coloração base do cabelo e pelos tons que vão dos mais claros até os mais escuros. Pra quem entende um pouco de química, são anéis aromáticos com substituição de duas aminas ou uma amina e um fenol nas posições para ou orto (imagem 1). Para quem não entende de química eu coloquei alguns nomes na tabelinha abaixo com a cor que SOZINHO esse pigmento daria para o cabelo, esses são pigmentos que teriam que estar entre os componentes da fórmula (atrás da caixinha).

Imagem 1. Posições orto, meta e para no anel aromático




Modificadores: São pigmentos que sozinhos formam cores muito fracas, contudo, quando misturados com os pigmentos bases auxiliam na modificação desses e na criação de novos tons. É dessas misturas que surgem outros tons, como alguns pretos azulados e castanhos avermelhados! Os modificadores também são moléculas aromáticas diaminas e aminofenois, porém a substituição deles é na posição meta. Na tabelinha abaixo eu coloquei algumas combinações de modificadores e primários e as cores resultantes!



O que fica de dica na hora de tingir o cabelo, então?
- Se quiser cobrir os brancos busque tintas que possuam pigmentos primários. Quase todas tem, mas algumas não! Acreditem! Eu já conferi em alguns rótulos! Principalmente os tons vermelhos intensos!
- Escolha bem o cabeleireiro! Quem não sabe aplicar direito pode não deixar a coloração uniforme em todo o cabelo. Além disso, o tempo de aplicação é super importante. Se deixar tempo demais estraga o tom, se deixar tempo de menos a tinta dura menos!
- Danos capilares prejudicam a fixação da tinta! Cabelo mal tratado a tinta dura menos!
- Para manter a coloração bonita procure usar um xampu próprio para cabelos tingidos. Muitos trazem antioxidantes ou filtros solares na fórmula, o que evita a degradação do pigmento e mantém a cor “viva” por mais tempo! Dai nem preciso dizer que sol destrói a coloração, né?!
- Progressiva com tioglicolato + coloração pode... desde que uma vez na vida e outra na morte! Se for retoques de ambas toda a hora, CUIDE! Trate o cabelo (hidratações periódicas) pra não ter excesso de danos!
- Progressiva de carbocisteína + coloração: CUIDADO REDOBRADO! O processo da progressiva com carbocisteína abre os tons, e quando o cabelo é pintado abre mais ainda! Se for de vermelho então... Cuide pra não ficar laranja! É melhor primeiro fazer a progressiva e depois pintar, SEMPRE!
- Tinta com amônia ou sem? Depende! Amônia danifica o cabelo, mas a tinta dura mais! Depende do que você espera! Quer gastar mais com o reparo do cabelo ou com o retoque da tinta?
- Cuidado! Tem tinta que fala que é sem amônia mas tem seus substitutos que estragam igual! São eles: monoethanolamine (MEA), amonium carbonate, etc...

Ficou alguma dúvida?

Bju
Denise


A Estrutura da Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, composta por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme (camada mais interna de tecido adiposo). Ela atua como uma barreira protetora, prevenindo a perda de água e bloqueando a entrada de agentes exógenos.
Epiderme: é constituída de várias camadas de queratinócitos (células responsáveis pela produção de queratina) em diferentes estágios de maturação. Essa é a camada responsável pela prevenção da desidratação das demais camadas. Na epiderme está o extrato córneo, que é a parte mais externa da epiderme. O extrato córneo é a barreira protetora contra a penetração de substâncias estranhas ao corpo.
Derme: é um tecido elástico e resistente que proporciona resistência física ao corpo inteiro. Essa camada fornece os nutrientes para a derme e é formada por células como fibroblastos, granulócitos, colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas.


A Estrutura do Cabelo

O fio de cabelo é formado pelos seguintes componentes: a cutícula, o córtex e a medula.
Cutícula: é constituída por proteínas, é parte mais externa do fio, sendo responsável pela proteção das células do córtex. É a camada cujas propriedades estruturais servem de proteção contra influências externas, ela é responsável pelo ingresso e egresso de água, o que permite manter as propriedades físicas da fibra. É formada por células escamosas de queratina que se sobrepõem umas as outras, lembrando escamas de peixe, formando uma cobertura.
Cortex: ocupa a maior área seccionada do fio (75 %) e é constituído por células ricas em ligações cruzadas de cistina (enxofre) e células rígidas separadas uma a uma por uma membrana celular. O córtex é formado por macrofibrilas de queratina alinhadas na direção do fio. Distribuídos aleatoriamente no córtex estão os grânulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade determinam a cor do cabelo.
Medula: No interior do córtex está localizada a medula, porém esse componente pode estar presente ou ausente ao longo do comprimento do fio.