A procura por produtos e processos capazes de alisar os cabelos, é cada vez maior nos salões de beleza. Devido a isso, diferentes produtos e tipos de tratamento são oferecidos às clientes. Contudo, a diferença entre a ação dos ativos, os danos causados por esses e a efetividade do tratamento para cada tipo de cabelo são desconhecidas.
Com base nisso, fiz meu trabalho de conclusão de curso (lá na graduação ainda) sobre a ação desses ativos químicos, bem como a análise das formulações de produtos para o alisamento capilar disponíveis no mercado.
Encontrei quatro ativos com uso aprovado pela ANVISA:
- tioglicolatos (os mais usados pelos produtos de marcas famosas como L'Oreal, Wella, Schwarzkopf),
- hidróxidos (sódio, cálcio ou lítio),
- guanidina,
- pirogalol (O antigo Henê Pelúcia)
Suas ações modificam a estrutura capilar por rompimento (e posterior rearranjo) das pontes de dissulfeto (formada por 2 moléculas de enxofre), na estrutura da queratina, ou por transformação dessas mesmas ligações em pontes de sulfeto (formada por 1 molécula de enxofre). A primeira modificação não é definitiva e pode ser revertida (um cabelo alisado pode ser novamente encaracolado), todavia a segunda modificação é definitiva (irreversível).
A coerência do nome dos tratamentos, entretanto, com o tipo de ação do ativo, não existe. No mercado, tanto a “escova progressiva”, quanto a “escova definitiva”, não seguem um padrão de produto aplicado a cada uma. Na realidade o que muda apenas é a concentração do ativo, pois quanto mais concentrado ele estiver, mais pontes de dissulfeto ele irá modificar alisando mais os cabelos. Logicamente que existe uma concentração máxima para cada ativo. Também existe todo um trabalho de marketing que leva a criação de diferentes nomes para os mesmos tratamentos. Isso para chamar a atenção das clientes e diferenciar um novo produto no mercado, dai surgem a famosa escova de chocolate, escova marroquina, escova de morango (e de outra tantas frutas cheirosas).
Essas formulações contêm, além do ativo alisante, uma quantidade alta de agentes para reposição da porção lipídica (oleosa, responsável pela hidratação e brilho do fio), a qual é perdida durante o tratamento, deixando o cabelo mais frágil (suscetível a agressões de agentes externos como o sol, vento, secador de cabelo e chapinha) e com aparência ressecada. Por isso existe uma necessidade tão grande de hidratar periodicamente os cabelos que sofreram algum processo de alisamento.
Embora todas as formulações tenham quase sempre o mesmo ativo, com concentrações parecidas, a diferença entre cada uma irá se dar pelos chamados adjuvantes (que são os outros componentes presentes, além do ativo). Entre os principais adjuvantes estão: silicones, óleos (como o de castanha, buriti, macadâmia), algumas manteigas (como a de cacau) e essências. Óleos, silicones e manteigas têm como principal objetivo repor os ácidos graxos que ficam naturalmente ligados à superfície do fio de cabelo conferindo proteção, maleabilidade (que é a capacidade do fio de mover-se sem quebrar) e brilho. Já as essências (que muitas vezes são colocadas no nome do tratamento, como no casa da escova de chocolate/morango) são usadas para mascaras o odor desagradável que o ativo alisante tem (pelo que me informei, a escova marroquina usa uma forte essência de baunilha).
Embora exista a diferença teórica nos processos de alisamento, os tratamentos disponíveis no mercado não apresentam essa diferença nas suas nomenclaturas. É necessário procurar um profissional com uma experiência consistente no assunto para escolher o tipo de ativo, para gerar o resultado esperado. Assim como xampus e condicionadores, cada cabelo se adapta melhor com uma marca. Não há como definir qual a melhor formulação para cada cabelo, apenas qual o ativo.
Quando pensamos na possibilidade de um caseiro, embora mais barato, é preciso lembrar que ele é mais arriscado. O tempo de permanência dos produtos em contato com os cabelos pode ser mal controlado, gerando um alisamento deficiente (pelo tempo ter sido menor que o indicado) ou danos, como quebras do fio de cabelo, irreversíveis (por tempo de contato em excesso). Além disso, muitas pessoas não têm condições de identificar riscos de incompatibilidades entre ativos (SIM! Existe incompatibilidade entre esses ativos e até mesmo deles com tintas e outras químicas capilares!).Dessa forma, o mais seguro é a aplicação em salões de beleza, sob os cuidados de profissionais com conhecimentos mínimos no assunto. Para isso, a busca por salões mais experientes no mercado, que utilizam produtos registrados na ANVISA, é o ideal.
9 comentários:
Denise,
Tenho uma industria de cosméticos e estou incrível com a sua desenvoltura de falar de tantos mitos e verdades. Nesse mar de besteiras que falam na internet é bom ter um blog que fala coisas sérias e que podem ser perfeitamente aproveitadas pelas consumidoras.
bjs
Marcelle
Obrigada Marcelle! É exatamente esse o meu objetivo! Pena que o bolg ainda não tem uma divulgação maior para que além de eu poder escrever sobre vários assuntos as pessoas ainda possm discutir comigo.
Eu não acho que a minha verdade é absoluta, então espero que entendidos ou "entendidos" discutam a respeito dos temas comigo!
eu tenho uma super duvida tipo sou homem e tinha cabelos lisos encaracolados sei la coisa assim nao sei muito sobre cabelo ai meu amigo psso um alisante chamado amacehair nao sie se escreve assim e depois disso minha mae falo que nunca ais terei os cabelos lisos que vai nascer eles orivel por eu ter usado por que celulas moreran. eu queria saber se e verdade ? e também se for como possso reverter isso ? eu so passei uma vez o alisante nunca usei nenhum tipo de química no cabelo por favor se poder responder neste email arthurpinho16@hotmail.com eu agradeceria muito muito mesmo e desculpa os erros de português
olá fiquei maravilhada com o Blog, e gostaria de tirar uma dúvida, o cabelo da minha filha era lindo os cachos paravam as pessoas nas ruas, fui cair na besteira de reclamar com uma cabelereira dizendo o trabalho que me dava os cachos todos os dias pela manha para desembolar, resultado: Ela disse vamos fazer um relachamento natural só pra soltar os cachos eu ainda perguntei se n era química ela disse que não, a sorte foi que eu fiz ela tirar com menos de 20 minutos pq achei que era qui´mica mesmo, ainda briguei com ela, o cabelo da minha filha perdeu os cachos lindos só ficaram nas pontas,o restante do cabelo esta esbagaçado, tenho feito muita hidratação, mais o cabelo continua seco, palha sem brilho algum, horrível, choro de tristeza quando me perguntam o que eu fiz com o cabelo dela. me responda os cabelos que irão nascer vem do jeito que era antes? o que posso fazer com o cabelo dela agora.
te agradeço por uma resposta.
vania
A eu ia esquecendo...poderia me enviar a resposta por email tbm
se não for abuso meu. é pq não navego muito e só abro os emails
vania-show@hotmail.com
Bjs
Bom dia Denise Soledade,
eu sou aluna de pós-graduação em Cosmetologia e vi seu blog e o achei muito interessante. No post que você fala sobre "A química do alisamento capilar", você comenta que fez seu trabalho de conclusão de curso da graduação nesta área. Eu também estou escrevendo meu TCC da pós nesta área, mas estou encontrando muita, mas muita dificuldade mesmo em encontrar bibliografia científica sobre este assunto, principalmente na parte de ação dos ativos químicos, a qual você focou seu trabalho. Se fosse possível, você poderia me enviar seu TCC para ser fonte de pesquisa para meu projeto?? Desde já agradeço a atenção,
Caroline Gomes Manfrin
Olá Denise.
Adorei seu bolg e estou curtindo muito sua publicações.
Sou graduada em química e gosto muito dessa parte de cosmetologia. E gostaria de de ler seu TCC, por isso se for possível, me envia (netybaleeiro@hotmail.com). Desde já agradeço a atenção.
Lucinete Baleeiro
Qual escova da tanagra vc usa
existe um linha de alisamento que se chama cabelo liso.... www.cabeloliso.com que alisa o cabelo com ele molhado...é uma tecnica interessante...gostaria de saber se vc pode explicar esse processo..fiquei curiosa...
me responda por favor : tina.ruassantos@hotmail.com
Postar um comentário