Primeiramente gostaria de me apresentar. Meu nome (mudado recentemente!) é Kelly Bueno Condotta. Sou mestranda em ciências farmacêuticas pela UFRGS e colega de laboratório da querida dona desse blog. Tive o prazer te tê-la como minha co-orientadora de TCC e agora adoro mais ainda ser sua parceira nas loucuras nanotecnológicas. Sou doida por maquiagens e ando na minha maior fase “cosmetaholic”.
Apresentações à parte, vamos ao que interessa. Levei bastante tempo pensando no que escrever no meu primeiro post, que obviamente deveria ser uma coisa bem interessante pra fazer jus aos posts da Denise. Dia desses estava navegando pelos 500 mil blogs de cosméticos e maquiagens que acompanho e vi alguns comentários sobre escolher essa ou aquela marca porque os produtos eram ou não eram testados em animais. Plin! Acendeu a lâmpada! Estava escolhido o tema do meu primeiro post! Até porque, trabalho com experimentos em animais no meu mestrado (para fins farmacêuticos!!!!) e sou colaboradora de outros trabalhos que envolvem animais. Já fiz curso sobre uso ético de animais e estou sempre buscando informações a respeito, pois sou muito questionada (e às vezes criticada) por trabalhar com isso.
Animais para testes em cosméticos é um tema bastante polêmico, já que ao se tratar de algo “supérfluo” algumas pessoas acham que o uso de animais é completamente dispensável. Eu concordo e discordo. Concordo com o fato de que esses animais podem ser usados para pesquisas muito mais importantes para a SAÚDE das pessoas. Mas discordo pois não adianta os produtos deixarem de ser testados ou serem testados de maneira equivocada e causarem alergias sérias às pessoas. Devido à evolução da pesquisa e da ciência, desde os anos de 1980 os pesquisadores vêm buscando alternativas ao uso de animais de laboratório, tentando substituir os testes in vivo (em animais) por testes in vitro (cultura de células, tecidos e órgãos isolados), desde que estes tenham VALIDADE E CORRELAÇÃO com o que acontece no organismo.
No Brasil, desde a década de 1970 os cosméticos precisam ser registrados antes de serem comercializados. A partir de 1996 eles foram divididos em dois graus de risco. Os de grau 1 (produtos com risco mínimo) são os xampus, sabonetes, cremes, maquiagens entre outros e desde 1999 não precisam mais de registro para serem comercializados, somente notificação. Os de grau 2 (produtos com risco potencial) são aqueles que possuem uma indicação específica como filtro solares, anti-rugas, tinturas, sabonetes antissépticos, produtos anticaspa, desodorantes antitranspirantes, alisantes, creme para celulites, cremes esfoliantes, produtos infantis, entre outros. Esses sim precisam apresentar os testes de segurança e eficácia para serem comercializados!!!
Os riscos que são avaliados para produtos cosméticos são os do tipo irritativo, alergênico e sistêmico (que atinge todo o organismo pela via oral ou por permeação cutânea). Vários testes in vitro desenvolvidos já foram aceitos e são utilizados na avaliação do risco irritativo. Porém, nem todos estão validados, pois houve diferença de resultados entre os laboratórios. É importante lembrar também que o que vale para um país não necessariamente vale para outro, pois as formulações podem ser alteradas ou adaptadas para atender melhor as necessidades daquela população. Por isso, cada país deve ter sua própria legislação. Além disso, os testes de segurança e eficácia de produtos cosméticos (que são os que podem vir a utilizar animais) são realizados somente nos PRODUTOS ACABADOS e não nos que estão sendo pesquisados/desenvolvidos.
A ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) possui um link de perguntas sobre esse assunto: O uso de animais para testes em produtos cosméticos é permitido? Eles discutem que, apesar de ser uma tendência, o Brasil ainda não tem uma legislação sobre o assunto. Por enquanto há apenas o Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos. De acordo com esse documento, o uso de animais para avaliar a segurança dos cosméticos não pode ser completamente abandonado por falta de métodos alternativos validados. Se você quiser ler mais a respeito, os links para estes dois documentos estão aqui e aqui.
Espera-se que na Europa até 2013, todos os testes em animais sejam substituídos, desde que corretamente validados e correlacionados com o que acontece in vivo. Enquanto isso não ocorre, sempre deve prevalecer a ÉTICA ao trabalhar com qualquer tipo de animal, em qualquer tipo de experimento, cuidando para evitar ao máximo o seu sofrimento.
Bom, por enquanto é isso! Espero que tenham gostado. Eu estou muito contente pois é a minha primeira experiência escrevendo para outras pessoas sem ser um trabalho científico. Estou numa correria com o final do mestrado, mas vou fazer o possível para voltar em breve! Ah! Estou aceitando sugestões para os próximos posts!
Beijos
Kelly
Um comentário:
Oi Kelly gostei muito de sua postagem. Já faz quase um ano que vc publicou esse post. E aí? Já temos algum avanço? Sucesso!
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